Um homem de 52 anos morreu após contrair febre maculosa na localidade de Sapucaia, marcando o primeiro óbito registrado neste ano pela doença. A confirmação foi feita nesta segunda-feira (30) pela Subsecretaria de Vigilância em Saúde. Além do caso fatal, outros dois diagnósticos positivos foram registrados em Campos dos Goytacazes em 2024. No estado, o número total de infecções chegou a 23, sendo que oito evoluíram para morte.
A febre maculosa é uma doença grave transmitida pelo carrapato-estrela (Amblyomma sculptum), vetor da bactéria Rickettsia rickettsii. Com maior incidência entre os meses de maio e setembro, a doença é considerada endêmica na região desde 2021, quando aumentaram os registros de infestação de carrapatos, principalmente devido à presença de capivaras.
De acordo com o infectologista Rodrigo Carneiro, diretor da Subsecretaria, os locais de maior risco incluem áreas rurais e pastagens. Ele reforça a necessidade do uso de roupas claras e compridas, além da inspeção corporal após atividades em áreas de vegetação. “A febre maculosa pode ser letal se não for tratada rapidamente. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental”, alertou.
A Vigilância em Saúde recomenda que moradores de áreas com presença do vetor usem macacão ou calça e camisa de mangas longas, preferencialmente claras, além de prenderem as barras com fita adesiva para evitar o contato com o parasita. Caso o carrapato esteja fixado à pele, a remoção deve ser feita com uma pinça, sem espremer o corpo do animal.
Os sintomas aparecem de dois a 14 dias após a picada e incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dores musculares, abdominais, diarreia, manchas vermelhas pelo corpo e alterações na urina. Animais como cavalos, cães, gambás e capivaras podem servir de hospedeiros, transportando o carrapato infectado até áreas urbanas.
Como parte das ações de combate, a Secretaria de Saúde realiza nesta quarta-feira (2) uma capacitação com profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades Pré-Hospitalares (UPHs). A formação será conduzida pela médica pesquisadora Elba Lemos, da Fiocruz, e tem como foco melhorar o atendimento a pacientes com sintomas da doença.
Além disso, foi inaugurado no último dia 17 o Centro de Estudos, Pesquisas e Ambiente em Zoonoses (Cepaz), no bairro Custodópolis. Vinculado à Fiocruz, o espaço é o primeiro da região Sudeste e servirá como base científica para monitoramento, pesquisa e enfrentamento da febre maculosa e outras zoonoses. A unidade atua em parceria com instituições como a UENF, a Secretaria Municipal de Saúde, a Faculdade de Medicina de Campos e a Secretaria Estadual de Saúde.