A crise política entre o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), ultrapassou os bastidores e já afeta diretamente a população, especialmente os mais de 500 mil campistas que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). No último dia 23 de junho, durante sua atuação como governador em exercício, Rodrigo Bacellar cancelou o cofinanciamento do Governo do Estado à saúde pública do município, medida que pode impactar nos atendimentos hospitalares de Campos.
O corte ocorre em um momento delicado, em que Campos atua como polo regional de saúde, atendendo não apenas moradores da cidade, mas também pacientes vindos de municípios vizinhos. Sem o cofinanciamento estadual, a prefeitura afirma que não será possível manter o mesmo nível de atendimento, especialmente nos hospitais Ferreira Machado (HFM), Geral de Guarus (HGG) e São José (HSJ), que recebem diariamente pacientes encaminhados por outras cidades.
A tensão aumentou no dia 15 de junho, quando Wladimir cobrou publicamente o repasse do Estado, justamente na véspera da visita de Bacellar a Campos. No dia 17, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro determinou que o Governo do Estado repassasse pouco mais de R$ 9,1 milhões à Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Campos. A decisão, embora positiva para o município, ainda não oferece garantias sobre a continuidade do cofinanciamento nos meses seguintes.
Preocupada com a instabilidade, a Prefeitura de Campos enviou no dia 30 um ofício ao governador Cláudio Castro (PL) e a Rodrigo Bacellar, estipulando um prazo de 15 dias para a regularização dos repasses. Caso não haja resposta, o município pode tomar medidas drásticas: não aceitar mais pacientes regulados fora da Programação Pactuada Integrada (PPI), o que, na prática, impediria os hospitais da cidade de continuarem recebendo pessoas encaminhadas de outras cidades.