De volta ao Brasil após viagem a Lisboa, o governador Cláudio Castro (PL) ainda não se pronunciou sobre a exoneração do secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), feita há cinco dias pelo presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), que estava como governador interino. A expectativa é que Castro tome uma decisão até sexta-feira (12), quando entra em férias e Bacellar reassume o Palácio Guanabara.
A demissão de Reis foi publicada no Diário Oficial sem aval direto de Castro, que agora tenta entender os motivos políticos por trás do gesto de Bacellar. O presidente da Alerj classificou Reis como “insubordinado” e chegou a dizer que abriria mão da candidatura ao governo do estado em 2026 se o secretário fosse reconduzido.
A exoneração pode ter impacto na base aliada do governo. Reis é apontado como possível candidato ao governo ou ao Senado, desde que reverta sua inelegibilidade no STF. Castro, por sua vez, também cogita disputar o Senado e vê em Bacellar um aliado estratégico, com quem compartilha até processos no TSE ligados ao caso Ceperj.
Nos bastidores, há quem defenda que o governador revogue a demissão de Reis, mas isso poderia aprofundar o conflito com Bacellar, que tem poderes para pautar temas sensíveis na Alerj. Outra hipótese é reverter a exoneração após o retorno das férias, evitando que Bacellar desfaça o ato durante seu novo período como governador interino.
Enquanto isso, Bacellar avança no diálogo com o bolsonarismo, cortejando o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para fortalecer seu nome na disputa estadual. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro tem se mantido distante da disputa, apesar da histórica aliança com Washington Reis.
O impasse expõe o racha entre duas das principais lideranças do Rio e antecipa o clima tenso das eleições de 2026.