Ao que perece, o gramado verde de negócios que a Netflix mantinha intacto até agora pode estar começando a desbotar e perder o seu charme, principalmente aos olhos dos antigos adeptos do serviço de streaming. Mesmo que a empresa venha emplacando um crescimento exponencial nos últimos anos, o relatório de ganhos do último trimestre, liberado aos investidores na segunda-feira (18), mostrou que mexer no bolso dos clientes pode ser arriscado mesmo para líderes de seus setores.
Segundo o comunicado, a recente expansão da companhia pelo mundo, chegando a mais de 130 países, fez com que o seu valor em caixa atingisse os US$ 1,97 bilhão (R$ 6,45 bilhões), enquanto a renda líquida ficou na casa dos US$ 41 milhões (R$ 134 milhões). Além de os números serem menores do que o esperado para o período, devido principalmente a projeções desfavoráveis, a queda expressiva de novos assinantes contribuiu para que as ações da Netflix caíssem quase 15% após a divulgação de resultados.
Isso porque a expectativa inicial era de que o serviço somasse 2,5 milhões de novos usuários nos últimos meses, mas ele acabou ficando apenas na marca de 1,54 milhão quando se subtraiu a galera que deixou de pagar pelo produto. Pois é, de acordo com o CEO Reed Hastings, as metas e estratégias aplicadas pela empresa estavam corretas, porém os planos foram atrapalhados pela debandada de antigos usuários, que, supostamente, se assustaram com as notícias de aumento de preço da assinatura da plataforma online de vídeos.
Na carta escrita pelo executivo, o grande culpado do engasgo da companhia no trimestre teria sido o fato de a imprensa, como um todo, ter se focado mais na mudança do valor cobrado dos clientes fiéis em todos os planos oferecidos do que no fato de que, realmente, se tratava “do fim de um período de dois anos de apadrinhamento”. Nas entrelinhas, a mensagem quer dizer que o pessoal “das antigas” não conseguiu perceber que o preço congelado se tratava de um agrado/desconto subsidiado por um bom tempo pela Netflix.