Acusação e defesa travam uma intensa batalha no último dia do julgamento de Adriana Ferreira de Almeida, conhecida como “Viúva da Mega-Sena”, nesta quinta-feira (15) no Fórum de Rio Bonito (RJ). Pela acusação, a promotora de Justiça Priscila Xavier tenta comprovar a participação dela no assassinato do marido, Renné Senna, cometido em 2007. Já o advogado de defesa, Jackson Rodrigues, afirma que o MP não apresentou provas do envolvimento dela.
Adriana prestou depoimento mais cedo. Ela disse que gostava do companheiro mas admitiu que tinha um amante desde meses antes da morte de Renné, que ficou milionário após receber um prêmio de R$ 52 milhões na Mega Sena. Adriana disse ainda que não sabia que estava no testamento com direito a metade de tudo que ele deixasse. Falou ainda sobre uma cobertura em Arraial do Cabo comprada por ela, e alegou que era um presente do marido.
Depois de Adriana foi a vez da promotora Priscila Xavier falar pela acusação. Ela tentou desconstruir a versão de Adriana, começando pelo apartamento. Segundo a Promotoria, Renné não sabia da compra e ficou furioso quando foi comunicado pelo gerente da conta bancária conjunta entre o casal.
A promotora também refez a cronologia dos últimos dias que antecederam o crime. Disse, por exemplo, que Adriana teria trocado telefonemas com Anderson Souza, que foi condenado a 18 anos pela morte de Renné. O sigilo telefônico de Adriana foi quebrado durante o processo. Segundo a acusção, Adriana teria mandado matar Renné após ficar sabendo que ele pretendia retirá-la do testamento.
O advogado de defesa, Jackson Rodrigues, tenta convencer os jurados de que o Ministério Público não apresentou provas concretas da participação dela no crime. Após o fim da fala do advogado ainda estão previstas uma réplica da acusação e uma tréplica da defesa. Por fim, os sete jurados irão para a sala secreta votar sobre o caso, acompanhados do juiz Pedro Amorim Gotlib Pilderwasser, da promotora e do advogado da acusada. A previsão é de que o julgamento avance pela madrugada de sexta-feira (16).
Último dia
O último dia do julgamento de Adriana Ferreira de Almeida começou às 10h50. Adriana chegou ao fórum acompanhada dos advogados. As filhas de Adriana, e os irmãos e filha de Renné Senna também estão presentes no julgamento.
Após o interrogatório da ex-cabeleira, a promotora de Justiça Priscila Xavier irá se pronunciar sobre a acusação de homicídio qualificado contra Adriana. A promotora terá a palavra por uma hora e meia. O advogado de defesa terá o mesmo tempo. Ambos terão direito à réplica e tréplica. Por fim, os sete jurados irão para a sala secreta votar sobre o caso, acompanhados do juiz Pedro Amorim Gotlib Pilderwasser, da promotora e do advogado da acusada.
No segundo dia, quarta-feira (14), foram ouvidas oito pessoas, sendo três testemunhas de acusação e cinco de defesa. Entre as testemunhas ouvidas estava um gerente de banco que administrava uma conta conjunta entre Adriana e Renné Senna.
O gerente disse que os dois faziam retiradas na conta conjunta, mas Adriana era quem mais movimentava a conta, retirando cerca de R$ 10 mil por mês. Em um determinado momento, disse o gerente, Renné decidiu cancelar a conta.
Entre as testemunhas de defesa de Adriana estiveram os pais dela. A mãe, Creusa Ferreira, chorou ao falar da prisão da filha. Ela disse que o casal vivia bem e que a única discussão que presenciou na fazenda em que eles viviam foi entre Renné e o irmão dele. Ela falou também sobre um apartamento comprado por Adriana em Arraial do Cabo, e disse que seria um presente de Renné para ela, fato que foi negado pela irmã de Renné, que afirmou que ele teria ficado furioso ao saber da compra.
“Esperamos que a Justiça seja feita e que seja tudo resolvido para acabar com esse tormento da família”, disse o irmão de Renné, Carmo Senna.
O advogado de Adriana também falou com a reportagem. Ele lembrou do primeiro julgamento em que Adriana foi absolvida e que foi cancelado após um pedido do Minstério Público.
“Ela já foi submetida a um julgamento e a sociedade de Rio Bonito a absolveu. O MP conseguiu um novo julgamento e eu pensei que traria algo significativo, mas não tem nada de novo e não convence sobre a participação da minha cliente no crime”, declarou o advogad Jackson Rodrigues.